Canabidiol como tratamento alternativo na epilepsia, aponta pesquisa.
O Canabidiol (CBD), princípio ativo da Cannabis sativa (CS), tem se demonstrado bastante eficiente no tratamento de algumas patologias por seus diversos mecanismos de ação. Dentre estas patologias encontra-se a epilepsia, sendo utilizada como terapia alternativa no controle das convulsões devido a sua ação anticonvulsivante, quando há crises epilépticas refratárias aos esquemas farmacológicos convencionais.
É imprescindível a explanação adequada sobre esta terapia medicamentosa, visando analisar a percepção da equipe de saúde que está inserida diretamente nesta assistência. Igualmente, demonstrar o risco/benefício do tratamento e também descontextualizar o preconceito que relaciona os efeitos psicoativos de outros compostos presentes na cannabis. Com os possíveis eventos adversos e a eficácia do tratamento com CBD.
A epilepsia é definida como um distúrbio cerebral caracterizado pela atividade elétrica irregular do cérebro. Gerando ao menos duas crises epilépticas não provocadas com um intervalo maior que 24h entre elas, havendo potencial tendência para gerar outras crises persistentes.
Canabidiol, tratamento alternativo na epilepsia intratáveis
Segundo as pesquisadoras (*) Elza Márcia Targas Yacubian , Guilca Contreras-Caicedo e Loreto Ríos-Pohl, quando a crise epiléptica é intratável pelos fármacos antiepilépticos (FAEs) convencionais, é conhecida como epilepsia refratária, onde não ocorre a melhora do quadro quando tratado com estes medicamentos de primeira escolha. Enfim, quando há resistência aos fármacos antiepilépticos, busca-se terapias alternativas para o tratamento da epilepsia refratária e controle das crises.
A Pesquisadora Sonia Brucki (*), retrata que o Canabidiol (CBD), pode ser utilizado como fármaco alternativo e gerar bons resultados nos casos de epilepsias intratáveis não responsivas aos antiepilépticos convencionais.
O CBD é o principal composto não psicoativo extraído da planta Cannabis sativa (CS), possui ação anticonvulsivante, ansiolítica e analgésica. Por não ativar os receptores CB1 e CB2 no sistema nervoso. Com isso não gera os efeitos psicotrópicos do tetrahidrocanabinol (THC), principal composto psicoativo da Cannabis. De acordo com a pesquisadora, o tratamento das epilepsias refratárias a base de Canabidiol, apresenta efetividade significativa no controle das crises epilépticas, em sua maioria reduzindo a quase metade do número de convulsões. Quanto aos eventos adversos ocorridos, Dr. Devinsky (*) relata que são de gravidade leve a moderada, havendo casos mínimos de efeitos mais graves.
Resultados da pesquisa
Em conclusão, o estudo, realizado no estado da Bahia, constituído através da percepção de auxiliares de enfermagem, técnicas de enfermagem, enfermeiras e médicas, confirma no âmbito assistencial, o Canabidiol é considerado eficiente no tratamento da epilepsia. De acordo com os dados coletados, o evento adverso mais observado nesta terapia é a sonolência, havendo em sua grande maioria, a ausência nos pacientes em uso.
A pesquisa demonstra que a utilização do CBD como anticonvulsivante não acarreta implicações à segurança do paciente, portanto não promove a ocorrência de efeitos psicoativos como outros compostos extraídos da Cannabis sativa.
Em suma, a adesão do Canabidiol como tratamento alternativo da epilepsia farmacorresistente, deve ser explanada e incentivada pelos profissionais de saúde, afim de favorecer a aceitação dos pacientes e familiares, e, ratificando a necessidade de estudos mais aprofundados, formando um potencial mecanismo para a promoção de uma maior facilidade na liberação e acesso à esta substância no Brasil.
Dessa forma, este projeto teve como foco principal a análise da percepção da equipe assistencial envolvida no processo, e diante desta conjuntura, fomentar a aceitação do tratamento com CBD, relacionada à compreensão dos eventos adversos e da eficácia desta terapia pelos pacientes e profissionais.
Esse estudo da Universidade Salvador – UNIFACS, trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, analítica e qualitativa, desenvolvida a partir da pesquisa de campo em um Hospital do estado da Bahia, por meio de um questionário semi-estruturado aplicado aos profissionais da área de saúde (auxiliares enfermagem, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos), inseridos na assistência de pacientes que fizeram uso do Canabidiol, como tratamento alternativo das crises epilépticas.
Autores: Jane Hellen Santos da Cunha e Letícia Cardoso Braz.
(*) Pesquisadores relacionados a Canabidiol,alternativo na epilepsia
Elza Márcia Targas Yacubian Professora Adjunta Livre Docente do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Guilca Contreras-Caicedo Neuropediatra, Professora de Neurologia do Centro Medico la Trinidad, Caracas, Venezuela.
Loreto Ríos-Pohl Professora Adjunta da Universidad de Chile. Chefe do Laboratório de Eletroencefalografia do Centro Avanzado Clínica Las Condes. Liga Chilena contra la Epilepsia, Santiago, Chile.
Sonia Maria Dozzi Brucki: graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, residência médica em Neurologia, mestrado (Neurologia), doutorado em Medicina (Neurologia), ambos na Universidade Federal de São Paulo, com pós-doutorado, obteve o título de livre-docente em Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP em agosto de 2013. Atualmente é co-coordenadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da FMUSP e do Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos (CEREDIC) da FMUSP e preceptora de residência médica em Neurologia do Hospital Santa Marcelina e responsável pelo ambulatório de Neurologia da Cognição e do Comportamento do mesmo hospital. É orientadora do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Neurologia da FMUSP.
Orrin Devinsky, M.D. é o diretor do NYU Comprehensive Epilepsy Center e do Instituto Saint Barnabas de Neurologia e Neurocirurgia (DCI). Ele também é professor de Neurologia, Neurocirurgia e Psiquiatria na NYU Langone School of Medicine. Devinsky é especialista em epilepsia e neurologia comportamental.
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